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Tá Ligado IV

Atualizado: 23 de fev.

A escola não deve ser vista como uma instituição estanque, estabelecida de modo determinista e sem qualquer relação com os contextos geracionais, muito menos um espaço de neutralidade ideológica. Embora não seja a causa matriz do adoecimento destes meninos, ela não está isenta de responsabilidade e pode muitas vezes, configurar-se num ambiente altamente opressor – “na minha escola, sou vítima de bullying. Já deram na minha cara, tiraram o dinheiro do lanche e me fizeram andar num corredor escuro e ninguém faz nada” Para muitas crianças, a escola não é só um espaço de aprendizagem, mas de traumas – “eu não quero mais ir à escola, não aguento mais ser perseguida, agredida. Foi assim que eu comecei a comer muito, muito mesmo”.




A escola não deve ser vista como...



A escola da geração do quarto se assenta na ilusão de que o progresso genuíno advém exclusivamente da formação para o mercado de trabalho. Muitas vezes, no lugar de cuidar do ser humano, na sua totalidade e integralidade, a escola investe em horários exaustivos, regras tecnicistas e conteudistas, agendas superlotadas, enfim, numa fábrica de crianças estressadas, forçadas a se comportarem como se adultos fossem. A rotina pode ser sentida no depoimento deste aluno – “a escola funciona o dia todo, pouco tempo para respirar. Eu fico com dor de cabeça, quero pular o muro e sumir dali. É um inferno” A escola funciona num modelo, cujo objetivo é o aprendizado para garantir a sobrevivência individual e coletiva. Seu enfoque é acelerar o crescimento, intensificando os elementos cognitivos e ignorando, de certa forma, a importância dos aspectos emocionais. Neste tipo de escola, o direito à infância é negado e o direito à adolescência é aviltado.


A violência e ameaça na escola são fatores de estresse poderosos com impacto negativo sobre alunos, professores e sobre o próprio processo de educação, demonstrando, por vezes, uma relação muito estreita entre a violência que ocorre fora da escola e a violência que existe dentro de casa. A geração do quarto, fragilizada emocionalmente, com comportamentos perigosos, vulneráveis a transtornos mentais, corre sérios riscos nessa escola violenta, que reproduz, de certo modo as violências sociais como um todo.

É preciso que as escolas estejam atentas e preparadas para a escuta dos seus alunos. Se não for por palavras, que interpretem seus gestos e as marcas nos seus corpos.

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