A atitude de isolamento e fuga de jovens brasileiros é similar ao comportamento de jovens no Japão e na Itália e praticamente em todas as economias desenvolvidas. No Japão, ocorre um fenômeno conhecido internacionalmente como KIKIKOMORI (em japonês - ficar de lado). São jovens entre 14 e 25 anos que não estudam e nem trabalham, não têm amigos e que a partir de um gatilho emocional, algum episódio desagradável, entram no quarto e não querem mais sair de lá. Eles dormem durante o dia e vivem à noite para evitar qualquer confronto com o mundo exterior e dificilmente falam com seus familiares. É uma estratégia de fuga para as inúmeras imposições a que essa geração se sente pressionada e cobrada o tempo todo – concluir estudos, fazer faculdade, arrumar e se manter no emprego, constituir família, ter filhos, se destacar na profissão, etc, etc, etc.
A geração do quarto, de uma forma geral, sofre depressão (75% dos pesquisados). Um sentimento misto de ansiedade e depressão pôde ser observado em alguns depoimentos: “Ele fica mordendo a mão até sair sangue; outras vezes rói as unhas”, como forma de aliviar suas tensões. “Tudo começou quando ele não saía do quarto e daquele computador” Quando as pessoas estão bem elas amam a si mesmas, amam aos outros, amam o trabalho, há aqueles que amam a Deus, o que pode oferecer o sentido vital do propósito, que é o oposto da depressão. Mesmo marcada por outras doenças emocionais e/ou mentais, esta geração mostra uma profunda incapacidade de vinculação normal aos acontecimentos cotidianos.
Segundo dados da OMS, na faixa de 15 a 29 anos, a depressão é a segunda causa de morte no mundo e a quarta no Brasil. No mundo, 30% dos países não têm políticas de saúde mental e 90% não têm políticas neste foco, que incluam crianças e adolescentes, conforme dados do Ministério da Saúde.
As crianças e adolescentes tem sua saúde mental negligenciada pelo Estado, no que diz respeito ao enfrentamento deste quadro alarmante. Não é surpresa que a OMS aponte que as doenças mentais serão motivo de muita preocupação para as sociedades hodiernas e que este grupo seria a grande vítima. O Estado, a sociedade, a família enfim, não pode ser mais conivente e negligente. A questão é um GRAVE problema de saúde pública. Mas e a escola, onde ela ajuda?
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