
A queixa de “cabeça torta, amassada, assimétrica” é uma queixa relativamente comum no consultório do Pediatra. Na maioria dos casos, essa assimetria é discreta e passageira; uma vez que, ao nascer, o crânio tem que se moldar no canal do parto e a cabeça pode ficar ligeiramente inchada e achatada.
No entanto, em alguns casos, essa diferença pode persistir, devido à postura anormal assumida pelo bebê, que adquire o hábito de dormir sempre numa mesma posição. Ou seja, o bebê, por exemplo, dorme sempre com a barriguinha para cima e a cabeça fica achatada na sua parte de trás. Neste caso, medidas conservadoras como trocas seriadas da posição do bebê na cama, podem ser resolutivas.
Nos primeiros dois anos de vida (quando cresce 80% do cérebro humano) é fundamental observar, não apenas o ritmo de crescimento da cabeça (daí a importância de preencher a curva do perímetro cefálico), mas também o formato adquirido, que pode ser decorrente, não apenas de posturas viciosas, mas também de condições patológicas que necessitem uma intervenção médica.
No caso das assimetrias cranianas que não responderam às mudanças posturais ou naquelas condições que são acompanhadas de outros sinais clínicos, ou aquelas muito evidentes, é recomendável procurar ajuda de um especialista.
O neuropediatra deverá fazer um exame físico neurológico detalhado, medindo as proporções do crânio para afastar o que se chama de assimetria craniana postural (plagiocefalia posicional) das craniossinostoses, que consistem no fechamento patológico das suturas e que podem ter indicação cirúrgica ainda no primeiro ano de vida para que sejam efetivas.
Após a avaliação clínica, o médico poderá solicitar um RX de crânio em incidências específicas, ou mesmo uma tomografia computadorizada, com aquisição em 3D. Confirmada que a assimetria é apenas posicional e considerando que a maioria dos casos tem regressão espontânea, o profissional pode indicar a avaliação de um fisioterapeuta para o melhor e mais rápido remodelamento. A indicação de capacetes é controversa. Além de muito caro, pode acarretar ferimentos no couro cabeludo, por implicar no uso diário por pelo menos 23 horas.
Se o caso do seu filho for decorrente de um fechamento anormal patológico de uma sutura, a avaliação com Neurocirurgião Pediátrico é mandatória. Os resultados cirúrgicos são melhor obtidos quando a cirurgia é realizada no primeiro ano de vida.
Portanto, se você tem dúvidas quanto ao formato da cabeça do seu bebê, procure um profissional habilitado para avaliação e para as devidas orientações.
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