Desenvolvendo um tema intrigante, Alícia Broderick, Professora da Universidade de Montclair nos Estados Unidos, publicou, em 2022, o livro -The Autism Industrial Complex: How Branding, Marketing, and Capital Investment Turned Autism Into Big Business. Segundo a autora, o interesse comercial sobre o tema tem sido construído e reforçado com bases ideológicas, política do Lobby e um capital expansivo de investimento, aliado a uma estratégia de convencimento junto às mídias, o que faz do assunto - transtorno do espectro autista (TEA), algo extremamente rentável e lucrativo.

O autista se transformou numa mercadoria?
Dentro desta lógica nefasta, o TEA, incluindo o paciente com TEA, transformou-se numa mercadoria, refletindo outros interesses que não propriamente a saúde do paciente e de suas famílias. Neste sentido, o livro procura analisar o comportamento das ONGs, das empresas privadas, dos profissionais de saúde, dos meios de comunicação, das políticas públicas que ajudaram na construção e sustentação de uma lógica que quer vender “soluções” mágicas e infalíveis. A autora espera provocar uma reflexão profunda quanto à mudança de comportamento da sociedade, como um todo, a fim de promover a verdadeira inclusão e o bem estar das pessoas com TEA.
Numa live, disponibilizada para livre acesso no endereço - https://www.youtube.com/watch?v=-fxzfuvuek4, a autora apresenta, de forma sucinta, alguns tópicos desenvolvidos no seu livro. Primeiramente, ela faz um paralelo com o complexo industrial militar, que naturaliza o comércio, tornando- o inevitável e auto sustentável com gastos “invisíveis” para permitir a proliferação do “premente e necessário” consumo de armas.
Nesta linha, a autora apresenta a práxis de uma retórica que difunde o medo, por meio de metáforas e narrativas, construída por uma campanha global de uma mídia altamente sofisticada. Há uma deliberação de que o TEA deve ser atacado, pois é um grande problema social, é um inimigo a ser aniquilado, algo trágico e que as crianças com TEA são deficientes e dependentes, com futuro comprometido, destinadas a serem infelizes, caso não tratadas. Paralelamente, a fim de evitarem esse destino fatídico, a indústria vende a esperança, personalizada em técnicas altamente rentáveis que “promoverão” a real inserção do seu filho e quiçá a cura.
A arquitetura do Complexo Industrial do Autismo é sustentada com base no consumo de uma narrativa – o TEA é uma condição de saúde perigosa e ameaçadora e por isso exige uma pronta intervenção específica, em nome do cientificismo. E, neste particular, a lógica cultural intervencionista prevalece e o método ABA (Applied Behavior Analysis) seria a única intervenção genuinamente eficaz, baseada em evidências científicas, custo efetiva e que quaisquer outras modalidades seriam fraudulentas, pseudo e anti-científicas, além de ineficazes.
Deste modo, as pessoas com TEA se transformaram em “commodities” sem fronteiras, alimentando um império mercadológico bilionário, produzindo consumidores em massa. Enfim, é a venda de uma marca, a serviço do capital, numa estratégia dominante e pervasiva. Neste raciocínio, gera-se uma elevada demanda, cuja consequência é um alto potencial lucrativo. Cria-se, um incentivo para produzir pessoas com esse transtorno (o número aumentou de 5 a 6 x nas últimas décadas), ampliando, de forma deliberada, os critérios do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) vendendo assim, a ideia de que se enfrenta uma epidemia de TEA. E se é uma epidemia, é uma doença e, portanto, um problema médico, o que gera um forte senso ameaçador, difundido a cultura do terror e culpa, caso não seja instituída, em caráter de urgência, a terapia “mais efetiva”.
Se você está se sentindo uma marionete neste cenário tão desolador, converse, compartilhe as suas angústias e questione os profissionais que atendem ao seu filho.
Saiba que o seu filho pode alcançar uma vida com dignidade e feliz como explica a mãe de uma criança com TEA no vídeo a seguir:
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