Ainda quando menino, eu tinha um desejo comum à maioria dos estudantes de ensino fundamental - ter uma mochila “fashion”. Alguns colegas diziam até que se conseguissem a tão famosa mochila, não a tirariam nem para tomar banho!
O tempo passou, mas a mochila continua sendo um objeto de desejo da garotada. Segundo alguns estudos, a maioria dos alunos, mesmo antes de atingir a maturidade de seu sistema musculoesquelético, transportam suas cargas quase que diariamente, por um período de até 12 anos, sem receber o benefício das orientações físicas e ergonométricas de como suportar tal peso.
Embora as dores das costas sejam pouco pesquisadas na população infanto juvenil, há estudos que mostram que a incidência delas seja igual a de adultos. É isso mesmo que você ouviu! Mas o que pode causar tantas dores numa população tão jovem?
Antes de tudo, é importante falarmos sobre o processo de desenvolvimento da coluna vertebral, que se inicia na 6ª semana do período embrionário e vai até os 25 anos.... Os arcos vertebrais se fundem entre 3 e 5 anos de idade, iniciando-se na região lombar e progredindo para o resto da coluna. Portanto, a coluna vertebral só atinge a maturidade esquelética, quando muitos já se formaram na Faculdade! Será então que o peso de uma mochila carregada de livros, durante toda a nossa juventude pode causar dor e deformidade da coluna vertebral?
Provavelmente, todos os excessos durante a fase de crescimento estejam relacionados, em maior ou menor grau, ao aparecimento de lombalgias e dorsalgias, tanto nos pequenos, quanto nos adultos. Há trabalhos que evidenciam que uma carga a partir de 20% do peso corporal interfere efetivamente nas curvas fisiológicas da coluna vertebral. Imaginem só o que isto pode acarretar em um esqueleto imaturo! Desequilíbrios nestas regiões, tais como, fraturas ou excesso de carga podem acarretar deformidades e quadros álgicos.
Então, se os ossos estão em desenvolvimento é importante ficarmos atentos ao peso das mochilas dos nossos filhos? Claro que sim! Crianças com idades entre 3 e 5 anos devem evitar usar mochilas, pois há muita cartilagem nas vértebras e o melhor nestes casos é usar malas com rodinhas e com pouca carga.
Quando as mochilas se tornarem inevitáveis, cabem aos pais e corpo escolar estabelecerem um limite de 10% do peso corporal como carga máxima suportada e verificar se a largura delas está condizente tanto com a cintura quanto com a distância entre os ombros. Além disto, é importante a correta distribuição de peso dentro das mochilas, bem como, a verificação da configuração exata das alças, evitando alterações na pele e compressões indevidas.
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Vladimir Ferreira Seguti – Ortopedista pediátrico
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